sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mulheres podem ser afetadas por problemas sexuais durante toda a vida

Só nos Estados Unidos, estima-se que 40% delas sofram com distúrbios desse tipo.

Problemas sexuais são comuns e podem ocorrer em mulheres de qualquer idade. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que cerca de 40% delas tenham distúrbios desse tipo, enquanto 12% relatam angústia causadas por alguma disfunção sexual. Esse é um termo usado para descrever dificuldades relacionadas ao desejo sexual (libido), à excitação, ao orgasmo e à dor no ato sexual.

Não existe um período determinado para que ocorram problemas sexuais – eles podem, inclusive, acompanhar a mulher durante toda a vida. Podem, também, ser adquiridos mais tarde, mesmo que antes a paciente não tenha experimentado dificuldades com relação ao sexo.

Possíveis causas
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As causas mais comuns de problemas sexuais, em geral, estão relacionadas a:
- Alterações nos hormônios, vasos sanguíneos e nos tecidos da vagina;
- Dificuldades de relacionamento;
- Baixa auto-estima.

Por outro lado, sabe-se que mulheres física e psicologicamente saudáveis, e que mantêm um bom relacionamento com seus parceiros, têm mais probabilidade de estarem satisfeitas com a vida sexual.

Conceitos de sexualidade

Antes de nos aprofundarmos na discussão dos problemas sexuais, gostaria de apresentar alguns conceitos que estão relacionados a eles:

Desejo – É o mesmo que libido, ou seja, a vontade de fazer sexo. Pode envolver pensamentos e imagens sexuais. O desejo pode ocorrer espontaneamente ou em resposta a um parceiro, a pensamentos ou imagens. A forma espontânea é mais comum em novas relações, enquanto a resposta a um desejo do parceiro é mais típico em relacionamentos de longo prazo. O desejo sexual não é essencial para se ter uma vida sexual satisfatória. Em outras palavras, uma mulher que não pensa em sexo ou não toma a iniciativa não tem, necessariamente, um problema.

Excitação - É uma sensação de prazer sexual, muitas vezes acompanhada por um aumento do fluxo sanguíneo para os órgãos genitais e também da frequência cardíaca, da pressão arterial e da respiração.

Orgasmo - É definido como um pico de prazer sexual e liberação da tensão, geralmente com contrações dos músculos na área genital e nos órgãos reprodutivos.

Embora o desejo, a excitação e orgasmo descrevam a típica resposta sexual, o objetivo da atividade sexual é a satisfação para ambos os parceiros. Eles podem ou não apresentar todos os aspectos do ciclo de resposta sexual (desejo, excitação e orgasmo).

Fatores de risco

Há uma série de fatores de risco que podem contribuir para problemas sexuais em mulheres. Entenda-se que o fator de risco não é, necessariamente, a causa de um problema, mas sim algo que o torna mais provável de acontecer:

1) Fatores emocionais ou externos

Bem-estar pessoal – É importante para o interesse e a atividade sexuais. Uma mulher que não sente o seu melhor, física ou emocionalmente, pode experimentar uma diminuição da resposta sexual.

Questões de relacionamento - Um relacionamento saudável, do ponto de vista emocional, com o atual e com os ex-parceiros sexuais é o fator mais importante na satisfação sexual. Conflitos entre uma mulher e seu parceiro, ou mesmo histórico de abuso emocional, físico ou sexual, podem influenciar a satisfação sexual da mulher. E vale ressaltar que até um bom relacionamento pode tornar-se menos emocionante sexualmente ao longo do tempo.

Problemas sexuais masculinos – Eles também têm lá sua influência sobre a atividade sexual da mulher. Mudanças na meia-idade do parceiro podem afetar a resposta sexual dele (e dela). Problemas como a disfunção erétil, baixa libido ou ejaculação precoce tornam-se mais comuns com o avançar da idade. Além disso, as mulheres tendem a viver mais que os homens.

2) Fatores ginecológicos

Parto – Depois que a mulher tem filho, mesmo tendo cumprido o período da recuperação física e amamentação, pode ter desejo sexual diminuído. São comuns, ainda, relatos de dor durante o coito vaginal. A boa notícia é que, na maioria dos casos, esses problemas melhoram com o tempo.

Menopausa - O estrogênio é um hormônio feminino produzido pelos ovários. Após a menopausa, os níveis desse hormônio caem drasticamente, o que pode levar a mudanças na libido da mulher, e mesmo na capacidade de ficar excitada. Sem falar que suores noturnos, interrupções do sono, fadiga e outros sintomas da menopausa também podem contribuir para problemas sexuais. Além disso, após a menopausa, algumas mulheres experimentam estreitamento vaginal, secura e diminuição da elasticidade na parede vaginal, o que pode levar ao desconforto ou dor durante o sexo.

Histerectomia - Em geral, a retirada de parte do útero ou da sua totalidade não causa disfunção sexual. Ao contrário, a maioria dos estudos mostra que há melhora na atividade sexual após a histerectomia. Isso, provavelmente, se deve a uma melhora nos sintomas que interferem no sexo, como sangramento intenso. Já a remoção dos ovários na histerectomia reduz níveis de estrógeno e andrógeno, o que pode impactar a função sexual em algumas mulheres.

Dor pélvica ou vaginal – Esse tipo de dor, muitas vezes, causa dificuldade na vida sexual. A dor pode levar ao medo de que haja uma dor mais forte na relação sexual, o que, por sua vez, vai diminuir a lubrificação e causar aperto involuntário dos músculos vaginais, causando mais dor. Por outro lado, sintomas de dor podem ser causados por endometriose, cirurgias prévias, infecção ou cicatrizes.

Bexiga e problemas de suporte pélvico - Alterações na bexiga ou perda de sustentação pélvica (prolapso do útero) podem levar à perda de urina (incontinência) ou à sensação de pressão vaginal. Esses sintomas podem interferir no desejo sexual de algumas mulheres.

3) Fatores do estado de saúde geral

Artrite – A inflamação das articulações afeta a capacidade física e, consequentemente, a condição de se fazer sexo. Nos Estados Unidos, a artrite foi identificada em alguns estudos como uma causa comum de inatividade sexual.

Câncer – Mulheres que sofrem da doença podem apresentar desconforto e fadiga, devido ao câncer e ao próprio tratamento. Isso, claro, gera impactos na função sexual. Mudanças na imagem corporal – especialmente após a cirurgia nos seios ou em outras áreas íntimas – podem contribuir para problemas sexuais de mulheres com câncer.

Outras doenças, como o mal de Parkinson, e complicações decorrentes do diabetes ou do abuso de álcool e drogas podem prejudicar a capacidade de excitação e orgasmo. Da mesma forma, problemas emocionais ou psiquiátricos podem causar transtornos. A depressão é uma das causas mais comuns de diminuição da libido e outras disfunções sexuais nas mulheres.

4) Medicações e cirurgias

Medicamentos – Alguns deles podem alterar o desejo sexual, a excitação e o orgasmo. Isso pode incluir: beta-bloqueadores (usados para tratar problemas cardíacos), antidepressivos (atenuam os efeitos da depressão) e antipsicóticos (combatem problemas psiquiátricos). No entanto, não está claro se os medicamentos hormonais – como pílulas anticoncepcionais e terapia hormonal na menopausa – afetam a sexualidade. Estudos têm mostrado resultados contraditórios. Enquanto alguns mostram que não há nenhum efeito, outros apontam piora ou melhora dos problemas sexuais nas mulheres que tomam medicação hormonal.

Cirurgias - Algumas delas podem afetar a resposta sexual da mulher. Em particular, podemos citar as cirurgias de mama ou dos órgãos reprodutivos, pelo fato de que podem fazer a mulher mudar a percepção que tem em relação ao próprio corpo, especialmente se houver um diagnóstico de base – como um câncer que levou à cirurgia.

Tratamentos disponíveis

Uma série de tratamentos está disponível para mulheres com problemas sexuais. Em muitos casos, uma combinação de tratamentos é mais eficaz.

Para problemas de relacionamento - Dificuldades de comunicação e entendimento são uma causa significativa de diminuição do desejo e da resposta sexual, tanto nas mulheres quanto nos homens. Por isso, procurar um terapeuta sexual pode ajudar a tratar casais que vivenciam conflitos, fadiga e outras barreiras que podem afetar a sexualidade.

Para as mulheres peri-menopáusicas – É necessário buscar informação e orientação com um especialista. Não se trata apenas da mulher, e sim do casal, que precisa aprender a se comunicar melhor sobre suas necessidades sexuais e suas diferenças, a fim de entender as causas das dificuldades e efetuar um melhor tratamento. Se houver problemas físicos envolvidos – como, por exemplo, dor pélvica –, é preciso tratá-los paralelamente.

Secura vaginal – A ginecologista, em geral, recorre a tratamentos com hormônios para reduzir o problema. Pode indicar também o uso de lubrificante para facilitar a atividade sexual, aumentar a sensação de conforto e prazer.

Lidar com os efeitos secundários sexuais de medicações - Se você tiver efeitos colaterais sexuais de um medicamento, fale com seu médico sobre as opções para reduzir ou eliminar esse problema. Seu médico, aliás, é a melhor fonte de informação para as questões e preocupações relacionadas ao seu problema. A ginecologista, por ser a médica da mulher, tem condições de identificar e tratar problemas em todas as fases de sua vida.

* Barbara Murayama, médica ginecologista e obstetra na capital paulista, é especialista em Histeroscopia e titulada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). CRM n° 112.527. Para saber mais, acesse www.gergin.com.br.

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